Investir em S&P 500 ou Nasdaq 100?

Para quem quer investir na bolsa americana, uma explicação breve de dois Ă­ndices essenciais em Wall Street. E aqui no Brasil, um panorama sobre as debĂȘntures e o Ășnico ETF dedicado a elas. Boa leitura!

S&P 500 ou Nasdaq 100? Comparando dois “pesos pesados” da bolsa americana

VocĂȘ estĂĄ em um bar e comenta que quer investir na bolsa americana.

Por sorte, vocĂȘ tem dois amigos na mesa que jĂĄ superaram o stock picking (acreditar na sorte de achar a ação certa, na hora certa, e garantir a galinha dos ovos de ouro na carteira), entĂŁo vocĂȘ nĂŁo ouvirĂĄ dicas quentes de “aposte tudo na Nvidia” ou “compre Tesla e esqueça”. 

Os dois amigos sugerem que vocĂȘ comece a investir em um ETF. E, para facilitar, que faça isso pela bolsa brasileira mesmo. O problema Ă© que um deles sugere que vocĂȘ escolha um ETF de S&P 500 e o outro Ă© um fĂŁ incontornĂĄvel do Nasdaq 100.

Entendendo os Ă­ndices

S&P 500 e Nasdaq 100 sĂŁo Ă­ndices altamente populares e servem de referĂȘncia nĂŁo sĂł para ETFs mundo afora, mas para fundos de investimentos tradicionais e tambĂ©m como termĂŽmetros da economia americana refletida na bolsa.

O 500 do S&P 500 significa que o índice se expÔe a quinhentas das maiores açÔes nas bolsas americanas, estejam elas listadas na NYSE, na Nasdaq ou na bolsa de Chicago. O Nasdaq 100 é um recorte das cem maiores empresas listadas apenas na Nasdaq e sem as companhias do setor financeiro.

Aqui, vocĂȘ jĂĄ deve notar que hĂĄ semelhanças e diferenças na composição dos Ă­ndices. Felizmente, a Nasdaq deixou pronto esse grĂĄfico para vocĂȘ entender como cada Ă­ndice estĂĄ distribuĂ­do em relação aos setores da economia.

Fonte: Nasdaq (tradução: tudoETF)

Os dois Ă­ndices atribuem diferentes pesos a diferentes companhias (a mesma regra Ă© usada no Ibovespa). Quando olhamos para as empresas de maior representatividade, vemos nomes como Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet (Google), Tesla e Meta no top 10 das duas.

“Mas se o S&P 500 tem mais empresas, se expĂ”e a mais bolsas e inclui mais setores da economia, por que alguĂ©m defenderia o Nasdaq 100?”

Talvez porque a performance passada (que nĂŁo Ă© sinĂŽnimo de performance futura) do Nasdaq 100 tenha se destacado positivamente do S&P 500 nos Ășltimos anos.

Fonte: Curvo

Os ETFs disponĂ­veis e o que pesar ao escolher

Pela B3, vocĂȘ pode acessar o S&P 500 atravĂ©s dos ETFs IVVB11, da BlackRock, SPXI11, do ItaĂș, e SPXB11, do BTG. Esses trĂȘs fundos entregam o retorno do Ă­ndice junto Ă  variação cambial e tiveram um retorno semelhante de cerca de 58% em 2024. 

Recentemente, o ItaĂș lançou o SPXR11, que tira a variação cambial da equação. Para entender o que isso significa e se faz sentido para vocĂȘ, recomendamos a leitura deste artigo.

Jå o Nasdaq 100 estå disponível pelo ETF NASD11, da XP, que rendeu mais de 59% no ano passado. Vale a menção de outro lançamento recente: no meio do ano passado, a Buena Vista Capital criou o QQQI11, que acompanha o índice e paga dividendos mensais.

Ou seja: opçÔes não faltam e, cada vez mais, os ETFs brasileiros de bolsa americana também se diversificam em estratégia.

O que levar em conta, entĂŁo, na hora de escolher?

O Nasdaq 100 nĂŁo supera o S&P 500 por acaso: sua alta concentração em empresas tech fez sua performance se destacar nos Ășltimos anos. O contrĂĄrio tambĂ©m Ă© verdade: quando a bolha da internet estourou no começo do milĂȘnio, o Nasdaq 100 sofreu uma correção de 38% e o S&P 500 de 23%. A prĂłpria Nasdaq aponta que a volatilidade do Ă­ndice Ă© maior em comparação com o S&P 500. 

A decisĂŁo precisa estar alinhada ao seu perfil de risco e ao objetivo: a volatilidade do Nasdaq 100 nĂŁo precisa ser um palavrĂŁo se vocĂȘ tem resiliĂȘncia para assumir mais risco em troca de mais retorno. Por outro lado, a amplitude do S&P 500 garante mais diversificação.

DebĂȘntures: como anda o mercado e como vai o Ășnico ETF brasileiro da categoria

Apesar do nome esquisito, uma debĂȘnture nĂŁo precisa ser difĂ­cil de entender: ela Ă© uma forma de empresas privadas conquistarem mais capital emitindo um tĂ­tulo de dĂ­vida. 

Como outros títulos de renda fixa, o investidor recebe ao final do prazo o retorno combinado, seja ele prefixado, pós-fixado, híbrido ou, nesse caso, até mesmo açÔes da própria companhia.

Ritmo de festa em 2024

O ano passado foi um ano emblemĂĄtico para as debĂȘntures: segundo a Quantum Finance, em artigo da Infomoney, as emissĂ”es superaram o acumulado de 2023 sĂł no primeiro semestre de 2024. Foi um aumento de 88% e um volume de R$ 138 bi no ano.

O artigo explica a disparada das debĂȘntures pela combinação de fatores que formaram uma "tempestade perfeita": outros tĂ­tulos de dĂ­vida (CRI, CRA, LCI e LCA) passaram a ter maiores restriçÔes, levando empresas a buscarem capital via debĂȘntures. A Selic em trajetĂłria de alta tambĂ©m contribuiu para a renda fixa como um todo, dando um gĂĄs para o crĂ©dito privado.

E o DEBB11, como vai?

Lançado em 2022, o DEBB11 Ă© o primeiro e por enquanto Ășnico ETF brasileiro de crĂ©dito privado, expondo o investidor ao mercado de debĂȘntures. Lançado pelo BTG e com Ă­ndice criado pela Teva, o ETF rendeu 11,4% em 2024. 

O Ă­ndice do fundo acompanha uma carteira com 90% de debĂȘntures e 10% de Tesouro Selic. HĂĄ diversos critĂ©rios para a seleção dos tĂ­tulos, como a escolha de debĂȘntures com valor de emissĂŁo superior a R$ 300 milhĂ”es. As regras completas a Teva explica aqui.

E 2025?

O Valor sinalizou no começo do ano que as incertezas fiscais tĂȘm feito os bancos de investimentos recomendarem cautela Ă s companhias interessadas nas emissĂ”es. A Selic em alta aquece a renda fixa, mas tambĂ©m exige a oferta de prĂȘmios ainda maiores para que o investidor conservador nĂŁo fique somente no Tesouro.

Nos vemos terça que vem,
Redação tudoETF

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